As vendas japonesas caíram quase pela metade na China

Montadoras japonesas relataram um segundo mês de vendas em queda na China, uma vez que consumidores estão boicotando suas marcas como consequência de uma disputa entre os dois países sobre o território da ilha no Mar da China Oriental. A queda, levou a revisões de metas da produção doméstica, e uma revisão das importações provenientes do Japão. Enquanto isso, montadoras estrangeiras rivais tiveram aumentos recordes de números de vendas em outubro.
 
Em setembro Honda, Mazda, Mitsubishi, Nissan e Toyota foram obrigadas a parar a produção e fechar concessionárias próximas, seguindo perturbação que irromperam quando o Japão anunciou que compraria as ilhas conhecidas como Diaoyu pelos chineses e Senkaku pelos japoneses. A situação foi agravada pelo momento em que o anúncio foi feito, que ocorreu em torno do aniversário da invasão japonesa da China em 1931, e foi relatado como "o pior surto de sentimento anti-japonês em décadas" (leia mais aqui http://www.automotivelogisticsmagazine.com/Newsitem.aspx?aid=1500#story).  
 
Ao mesmo tempo em que os protestos já terminaram em grande parte na China, o sentimento parece não mostrar nenhum sinal de dissipação quando se trata de compras de veículos.  
 
A Honda, que constrói veículos em parceria com a Dongfeng Motor e Guangzhou Automobile, teve queda de vendas no país que chegou a mais da metade da produção, 53.5% em outubro, pouco mais de 24,000 veículos, enquanto as vendas foram da ordem de 52,000 no mesmo mês no ano passado. Enquanto isso, a Nissan informou uma queda nas entregas de 41% para o mesmo mês, com 64,300 veículos, e a Toyota presenciou uma queda de 44% nas entregas em outubro para 45,600 veículos. A Mazda teve uma queda de 45%, vendendo apenas 9,500 veículos.
 
A queda fez com que as empresas tivessem de revisar as metas de produção em suas fábricas da China, assim como as exportações do Japão.  
 
"Em termos de produção, as fábricas de nossas filiais locais estão operando quase normalmente", disse um porta-voz da Toyota à Automotive Logistics News. "Claro, estamos ajustando a produção de acordo com a situação ... também estamos ajustando as exportações de acordo com a demanda."
 
A Nissan admitiu que vinha tendo dificuldades de vendas na China nos últimos meses, mas disse que estava se recuperando gradualmente e que esperava que a situação melhorasse até o final deste ano.  
 
"Para reduzir a carga de estoque em nossos distribuidores na China, temos cortado venda por atacado em outubro", disse um porta-voz da empresa. "Ao mesmo tempo, as vendas no varejo em outubro tiveram recuperação de 70% em relação ao mesmo período do ano passado, e estamos ansiosos para uma recuperação ainda maior a partir de novembro. Isto continuará por bastante tempo para manter os estoques em níveis prudentes".
 
Para montadoras rivais estrangeiras a disputa foi uma boa notícia, com as vendas aumentando significativamente para a GM e seus empreendimentos conjuntos na China, bem como para a Ford.
 
Vendas de outubro foram de 14.3% em período anual para a GM. A empresa informou que a Shanghai GM vendeu quase 118 mil veículos em outubro, um aumento homólogo de 13.8%, enquanto a SAIC-GM-Wuling teve aumento de suas vendas internas em 15.9% em um ano, vendendo cerca de 130,000 veículos. FAW-GM vendeu mais de 4,000 veículos na China, uma queda de 2.7%. As vendas da Buick, Chevrolet, Cadillac e Wuling também tiveram alta, a GM e seus empreendimento conjuntos venderam cerca de 2.3 milhões de veículos nos primeiros 10 meses de 2012, um aumento de 10.5% ao ano, e um novo recorde para o período.
 
A Ford, por sua vez, registrou vendas de automóveis de passageiros na China com um aumento de 54% no mês passado. Com os seus parceiros de empreendimento conjunto, a montadora alcançou vendas totais de cerca de 60,000 unidades em setembro, o que foi um aumento de 35% em relação ao mesmo mês do ano passado. Isso significava que para os três primeiros trimestres do ano, a Ford vendeu mais de 428,000 veículos, um aumento de 11% sobre o mesmo período de 2011.
 
Um porta-voz da Ford disse que as vendas na China começaram a aumentar de forma significativa em agosto, antes da eclosão do conflito territorial, e que havia posteriormente aumentado a produção do Focus em sua nova fábrica de Chongqing.
 
"A fábrica e sua força de trabalho estão trabalhando horas extras e nos finais de semana para responder à demanda de veículo para clientes e distribuidoras, que estimamos em mais de 20%", disse o porta-voz. "A Ford teve seu melhor mês de vendas na China, em setembro e outubro.  As vendas no varejo para o Novo Focus superaram 20 mil unidades em outubro".  
 
As montadoras coreanas também foram beneficiadas pelo sentimento anti-japonês. A Hyundai informou que as vendas de seus veículos na China saltaram em 37% em outubro, em comparação ao mesmo mês do ano passado, com mais de 80,500 veículos vendidos.