Reformas da cadeia de fornecimentos são melhores do que a remoção de tarifas, diz FEM
A redução de barreiras na cadeia de fornecimentos pode proporcionar ganhos de 5-6% maiores do que os ganhos através da eliminação de tarifas, equivalente a um aumento de US$ 2 trilhões no PIB, com benefícios diretos para a indústria automotiva.

Ao falar na semana passada na conferência Automotive Logistics Europe na Alemanha, Sean Doherty, diretor da Cadeia de Fornecimentos e Indústria de Transportes do Fórum Econômico Mundial (FEM), delineou os resultados de um estudo recente que mostrou que um impulso para reformas quanto às barreiras da cadeia de fornecimentos, incluindo administração de fronteira, custos de processamento e infra-estrutura, abriria grandes oportunidades para o setor de logística automotiva.

Isto é algo que a indústria já estava começando a reconhecer e Doherty indicou uma reunião realizada na semana que antecedeu a conferência em Bonn, na qual os diretores executivos automotivos se reuniram com chefes da OMC afim de encontrar uma ação que precisaria ser tomada para superar algumas dessas barreiras.

"Na semana passada tivemos uma reunião muito interessante em Genebra, que reuniu sete diretores executivos automotivos e o diretor geral da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy", disse Doherty. "Eles falaram sobre algumas das barreiras práticas para a cadeia de fornecimento global e que o setor de logística automotiva fazem a respeito de algumas delas".

Doherty disse que houve um acordo entre os diretores executivos quanto a um plano de ação de cinco etapas. sobre o qual eles voltarão a discutir dentro de seis meses para saber o quão longe terão avançado.

Esta boa vontade em promover a mudança foi reconfortante, de acordo com Doherty, que disse que era algo que empresas automotivas haviam demonstrado pouco interesse no passado.

"Durante os últimos dois anos, não tivemos muito interesse por parte da indústria automotiva e eu não sei o porquȇ", disse Doherty. "Talvez alguns destes temas não eram práticos o suficiente, ou acreditava-se que os  problemas haviam sido resolvidos, colocando-os à frente dos demais. Este ano isto mudou e a indústria automotiva está nas vias de lidar com este tema".

O que ficou claro na reunião foi a necessidade de que o setor de logística trabalhe em duas modalidades para tentar criar uma mentalidade de cadeia de fornecimentos, especialmente entre os reguladores e administradores.

Em nível nacional, os prestadores de logística precisam trabalhar com o governo quanto as prioridades para melhorar a eficiência da cadeia de fornecimentos com base em dados de desempenho objetivos e a criação de um mandato para governar regulamentos que afetam a eficiência da cadeia de fornecimento. Trabalhos no lado doméstico também são necessários para reconhecer os interesses das PME quanto a política.

Em termos de cooperação internacional, é preciso que haja pressão para que os governos cheguem a um acordo sobre "uma abordagem holística da cadeia de fornecimento" para a eliminação de barreiras, bem como um esforço global para buscar a conversão do papel para sistemas eletrônicos.

Esse reconhecimento é tranquilizador, dado os erros de cálculo que podem afetar o negócio, especialmente em uma região como o México, que é de suma importância para a indústria automotiva no momento. Doherty citou uma empresa (não automotiva), que calculou uma redução de 25% nos custos, movendo sua produção para o México, mas quando levaram em conta as diversas despesas com barreiras da cadeia de fornecimento, a redução se aproximou mais aos 9%.

O que também foi revelando é que as empresas privadas estão muitas vezes por trás da criação de barreiras de abastecimento determinadas pela cadeia, em primeiro lugar. "Quando uma empresa está investindo em uma fábrica enorme na América Latina, ela pode muito bem dizer ao governo: "vamos fazer este investimento, mas, como resultado, gostaria que vocês tornassem um pouco difícil para nossos concorrentes ter o mesmo acesso", disse ele, algo ruim para o país e seu ambiente de negócios.

Empresas solicitando mercados livres internacionalmente precisam prestar atenção no que estão pedindo a nível local.

Com isso em mente, Doherty disse que, se a maioria dos países tentarem amenizar as barreiras para abastecer apenas metade das melhores práticas globais, eles podiam obter um aumento de 5% no PIB de US $ 2 trilhões, enquanto que a remoção de tarifas mostra ganhos de US $ 0,4 trilhões (0,7 %)para o PIB. Mesmo melhorias da cadeia de fornecimento alcançando a metade das melhores práticas regionais ainda poderiam render um aumento do de 3% do PIB, disse.

"[Além disso] o impacto comercial é cerca de três vezes o tamanho do impacto no PIB, por isto estamos falando em torno de 10-15%, e isto é muito mais do que você recebe em redução de tarifas", acrescentou.

Doherty disse que haviam grandes oportunidades envolvidas, se o setor de logística automotiva entrasse no debate quanto as reformas das barreiras para a cadeia de abastecimento e pelo menos tentasse reunir setores público e privado juntos para discussões detalhadas, incluindo as PMEs. O mais importante, segundo ele, foi a necessidade de mudança de "negociações baseadas em silos comerciais internacionais para uma mentalidade de nível mais ligada a cadeia de fornecimento".