Brasil preocupado com comércio de peças
 
A indústria brasileira de autopeças está preocupada com dois desenvolvimentos recentes que afetam o comércio com os vizinhos Argentina e México.
 
O primeiro: o governo da Argentina está prestes a rever o acordo automotivo que tem com o Brasil para favorecer a produção local de componentes. Em segundo lugar, as peças importadas do México estão aumentando. Com valor de apenas US$ 287m em 2010, aumento para US$ 381m em 2011 e US$ 537m no ano passado. Este último valor é apenas metade do valor das peças argentinas, o equivalente a 3,3% do total de autopeças estrangeiras utilizadas pelo setor automotivo brasileiro.
 
O aumento no comércio de veículos acabados entre México e Brasil já resultou em quotas revistas em negociação, algo que Paulo Butori, presidente da Associação Nacional da Indústria de Componentes Automotivos, quer que se estenda a peças e componentes.
 
Ele acredita que os fornecedores brasileiros se deparam com duas desvantagens distintas. Primeiro de tudo, a taxa de câmbio atual favorece as importações. Além disso, ao contrário de 10-15 anos atrás, os produtores mexicanos estão se beneficiando do investimento feito em sua indústria por empresas automotivas nos EUA.  
 
A rastreabilidade também precisa melhorar, disse ele. Em relação a Argentina, esta continua a ser uma preocupação, já que muitos componentes fornecidos de lá poderiam ter vindo de produtores da Ásia. Da mesma forma, o México tem 62 acordos de livre comércio com países fora do NAFTA, o que significa que também pode trazer peças de outras fontes.
 
No Brasil, o programa Inovar-Auto busca aumentar a rastreabilidade das peças usadas na produção local e, assim, reduzir o número de bens importados, enquanto ao mesmo tempo, estimula a produção local. No entanto, as formas de realização de rastreamento ainda têm de ser definidas de forma adequada.
 
Embora o aumento da concorrência do México seja motivo de preocupação, o Brasil tem desequilíbrios muito maiores em relação a auto peças com os EUA, Japão, Alemanha e China, e com os EUA Japão e Alemanha como os maiores investidores de automóveis no Brasil tanto em termos de veículos acabados como peças.