Greve geral atinge montadoras na Europa

Trabalhadores em toda a Europa do Sul entraram em greve geral coordenada hoje, que fechou fábricas de automóveis de produção, ligações de transportes e deixou vôos parados em toda a região. A ação também está atingindo portos e alfândegas.
 
O European Day of Action and Solidarity, contra as medidas de austeridade do governo, está sendo coordenado por sindicatos de trabalhadores, incluindo Comissiones Obrearas da Espanha, Sindicato CGTP de Portugal, CGIL da Itália e os sindicatos gregos, incluindo GSEE. Além disso, a Confederação Europeia de Sindicatos, solicitou que trabalhadores saíssem em passeata na quarta-feira. No total, acredita-se que cerca de 23 países estejam envolvidos nas manifestações, com possível ação se estendendo para a Bélgica, Alemanha, França, Reino Unido e alguns países do leste da UE.
 
Na Espanha, onde 5m de trabalhadores são sindicalizados, mas um em cada quatro encontra-se agora desempregado, a maioria dos trabalhadores da indústria automobilística, aderiraram à greve durante o turno da noite, e a atividade foi interrompida em quase todas as operações de metal, segundo as Obreras Comisiones. Montadoras estão respondendo à ação com encerramento parciais ou completos.
 
A GM confirmou que havia fechado sua fábrica de Figueruelas perto de Zaragoza, no norte do país por 24 horas. A Ford também fechou sua fábrica de Valência por 24 horas. "Não há planos para redirecionar qualquer coisa partindo de ou para Valência, uma vez que é uma ação de greve nacional geral, envolvendo muitas industrias, e não especificamente a Ford", disse a empresa em um comunicado.  
 
PSA Peugeot-Citroën, disse que a ação não afetará a produção em sua fábrica em Madrid, porque a empresa já tinha planejado dias de folga na agenda de trabalho antes da convocação da greve. No entanto, a situação era menos clara em Vigo, onde PSA estava incerto sobre quantos trabalhadores estariam em greve.  
 
Um porta-voz da PSA disse que a fábrica tentaria manter a produção com "respeito [pelo] direito de estar em greve e o direito ao trabalho".
 
A empresa não pôde confirmar como as operações de transporte seriam afetadas, e seu fornecedor de transporte Gefco se recusou a comentar sobre a greve.
 
A montadora espanhola disse que toda a atividade parou em sua fábrica de Martorell, perto de Barcelona, mas que fortaleceria entregas nos próximos dias com serviços extras para compensar o déficit. Um porta-voz da empresa salientou que, tanto com a fabricação como o transporte afetados pela escassez, será menos problemático para resolver a situação, uma vez que a fabricação não está tão radicalmente fora de sincronia com as entregas, como estaria no caso de uma greve de transportes isolada.
 
Agravando o fardo
A Associação de Fabricantes de Automóveis Européia disse que não tinha informações específicas sobre a situação, mas, quanto a transporte, a Associação Européia de Logística de Veículos(ECG), disse que a ação só agravaria os problemas na região.
 
"A turbulência em torno da Europa é o resultado da alta pressão colocada nos cidadãos e trabalhadores europeus", disse o presidente da ECG, Costantino Baldissara. "Infelizmente, esses protestos têm um impacto mais negativo sobre a nossa sociedade, uma vez que eles só agravam a carga dos operadores econômicos que são chamados para enfrentar novos obstáculos neste período complicado da economia."
 
Baldissara disse que este foi o caso de operadores europeus de logística para veículos acabados, que já estavam vivendo por meio de uma crise de rentabilidade significativa, com o aumento dos custos e pouca confiança em um futuro viável, o que já vinha ameaçando a sua capacidade de se manter à frente.  
 
"Esta crise vem como uma punição, ainda mais em um momento já ruim, no qual os operadores de logística de saída estão sofrendo muito os efeitos dessas greves gerais, com poucas opções para aliviar a situação e absorver totalmente os efeitos negativos", disse ele. "Todas as medidas de contingência, incluindo rotas alternativas e tempo adicional, são simplesmente traduzidas em custos extras para todo o setor. Isso só agrava um período econômica fraco, o qual a nossa indústria está vivendo, contribuindo para comprometer a sua rentabilidade e sua solidez, com um consequente efeito ainda mais negativo sobre a estabilidade da sociedade européia".
 
Fornecedores de transporte individual e prestadores de serviços logísticos, confirmaram o impacto nos serviços. DB Schenker disse que a greve estava afetando serviços nos países que estão tomando medidas. "Estamos na mesma situação que os nossos clientes, ao final, enfrentando problemas semelhantes", disse um porta-voz da empresa, mas disse que as divisões específicas de cada país estavam trabalhando em estreito contato com os clientes.  
 
Interrupção do Porto
Nos portos alguns serviços estão sendo mantidos, enquanto outros estão em paralisação. O fornecedor de serviços marítimos, Inchcape Shipping Services, informou que todas as operações nos portos gregos serão interrompidas por três horas, enquanto na Espanha os pilotos em Algeciras estão operando com capacidade de 50%, e não há oferta de transporte aqui ou em quaisquer outras portos. Inchcape disse que dificuldades esporádicas têm sido relatadas em locais diferentes, incluindo Valência e Vigo.
 
As greves do sindicato CGTP nos portos portugueses, foram relatados, mas não pela UGT. Estivadores estão em greve em Lisboa e terminais de contêineres e depósitos não estão operando. Estivadores também estão em greve em Aviero, Setúbal e Figueira da Foz e os terminais de contêineres e depósitos também pararam.  
 
Os portos de Sines e Leixos permanecem operacionais, mas Schenker DB alertou que futuras greves nos portos em Portugal em 19 de Novembro incluirá o porto de Leixões, que não foi previamente fechado durante a greve.